O cargo passará a ser ocupado, interinamente, pelo secretário executivo do ministério, Waldemar de Souza. Os mais cotados para assumir a pasta são os deputados federais Aldo Rebello, de São Paulo, e Luciana Santos, de Pernambuco. O primeiro tem a simpatia da CBF e a segunda é o nome da preferência da presidente Dilma Rousseff
O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, confirmou nesta quarta-feira (26/10) que Orlando Silva não é mais ministro do Esporte. O cargo passará a ser ocupado, interinamente, pelo secretário executivo do ministério, Waldemar de Souza.
Carvalho afirmou que a "tendência" é de que o ministério fique com o PC do B e de que haja uma solução de "interinidade", para que depois assuma um sucessor definitivo.
De acordo com Carvalho, a abertura de inquérito pelo Supremo Tribunal Federal para investigar Orlando Silva foi um "fator determinante" para que a presidente Dilma Rousseff decidisse tirá-lo do comando do Ministério do Esporte.
– Comuniquei ao PC do B que era preciso dar um passo. O Orlando compreendeu a situação. A abertura de inquérito pelo Supremo foi um fato determinante para mudar a situação – disse.
Orlando Silva deve se reunir no final da tarde desta quarta com Dilma no Palácio do Planalto para formalizar a demissão. Segundo Carvalho, Orlando Silva "teve maturidade" para "compreender" a decisão do governo.
– O PC do B disse que respeita a decisão da presidente. Sabe que a decisão (do sucessor) é da presidente. E o ministro Orlando foi de uma maturidade política muito grande – afirmou.
De acordo com o ministro da Secretaria-Geral, ainda não foi definido o "mecanismo" que será utilizado para formalizar a saíde de Orlando Silva – se ele entregará carta de renúncia ou se Dilma irá demiti-lo.
Gilberto Carvalho afirmou ainda que Dilma ainda não avaliou os nomes prováveis à sucessão de Silva. Segundo ele, a praxe é o partido "não apresentar indicados" para que a presidente tenha liberdade de indicar um nome.
O ministro disse ainda que, apesar de aceitar a decisão do governo, o PC do B deu sinais de que irá "fazer a defesa de Orlando Silva até o fim".
Ele contou que reforçou na reunião desta quarta com Orlando Silva e cúpula do PC do B que a relação do governo com o partido é capaz de superar a crise.
– Nossa relação com o PC do B tem maturidade capaz de superar qualquer obstáculo – disse.
Ex-desafeto de Ricardo Teixeira, Rebello hoje é o preferido da CBF
ALDO REBELLO OU LUCIANA SANTOS?
O provável novo ministro do Esporte é um quadro histórico do PCdoB. Nome indicado pelo partido para assumir a vaga que deverá ser aberta por Orlando Silva, Aldo Rebelo já esteve em lado oposto ao de Ricardo Teixeira, presidente da CBF e do COL.
Em 2000, Rebelo presidiu a CPI da CBF/Nike, que investigou o contrato entre a entidade e a fornecedora de material esportivo. O relatório, no entanto, não teve o poder de condenar algumas irregularidades apontadas.
Onze anos depois, a relação do parlamentar com Teixeira já é distinta. Segundo informações do Blog do Janca, os dois são próximos. Não à toa, é o nome que mais agrada a CBF para a pasta.
Tido com um dos mais influentes parlamentares da atual legislatura, Aldo – caso escolhido – terá pela frente a missão de intermediar junto à Fifa as negociações referentes à Lei Geral da Copa do Mundo, além de servir de interface entre o governo federal, o Comitê Organizador Local (COL) e o órgão máximo do futebol mundial.
O desgaste de Orlando Silva com Ricardo Teixeira é notório, e sua presença ainda gera descontentamento para Joseph Blatter e Jérôme Valcke, presidente e secretário-geral da Fifa, respectivamente.
Luciana Santos tem a preferência da presidente Dilma Rousseff
Com a pasta e seu partido envolvidos em denúncias de irregularidades relacionadas ao Programa Segundo Tempo, o virtual novo ministro também terá a tarefa de reconstruir a credibilidade do Ministério do Esporte.
Relator da CPI da CBF/Nike, o ex-deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP) encoraja a provável a indicação da presidente Dilma Rousseff. Para Torres, a escolha de Aldo Rebelo significaria que o Esporte seria representado por alguém que conhece como poucos os meandros da política esportiva no Brasil.
– É um excelente nome. Caso seja confirmado, sua trajetória nos dá a esperança que ele possa atuar com firmeza nas questões importantes do futebol brasileiro – disse Torres ao LANCENET!.
A nomeação de Aldo como ministro, contudo, manteria o Ministério do Esporte como um feudo do PCdoB, partido que lidera a pasta desde a posse do ex-presidente Lula, em 2002.
Segunda opção
A preferida de Dilma para o cargo, no entanto, é a deputada federal Luciana Santos (PCdoB-PE). A parlamentar esteve perto de assumir a pasta durante o período de transição, em dezembro passado. Porém, por pressão do partido, Orlando Silva acabou mantido.
Na época, o nome de Luciana foi apontado por Dilma para cumprir a "cota" de 30% de mulheres no comando dos ministérios. Agora, a deputada voltou a ser cogitada para assumir o Esporte. Mais uma vez, não teve o apoio da maioria da liderança do partido, que prefere Aldo Rebelo.
Em entrevista publicada na terça-feira pela "Folha de S. Paulo", o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, afirmou que Dilma havia apontado a deputada como a nova interlocutora entre governo federal e Fifa, no lugar de Orlando Silva.
Nos últimos dias, Luciana não comentou a possibilidade de ficar com a pasta. Pelo contrário, manifestou apoio a Orlando Silva durante pronunciamento na Câmara, sexta passada:
– O que fez o ministro desde o primeiro momento? O ministro tem tomado atitudes destemidas. Desde o primeiro momento, convocou uma entrevista coletiva e tomou medidas: telefonou ao ministro José Eduardo Cardozo e formalizou o pedido de que houvesse uma ação do Ministério Público e da Polícia Federal para apurar as acusações.
Apesar do apoio de Dilma, Luciana não possui experiência no esporte. Eleita no ano passado para a Câmara, anteriormente foi deputada estadual (1997 a 2000), prefeita de Olinda (2001 a 2008) e secretária estadual de Ciência e Tecnologia de Pernambuco (2009 a 2010).
Em abril do ano passado, chegou a ter os bens bloqueados pela Justiça após ser acusada de participação no direcionamento em licitação pública enquanto prefeita de Olinda. A decisão, que acabou cassada, determinava a devolução de R$ 7,4 milhões referentes ao contrato com a fornecedora de energia Citéluz.
Da Redação com Lancenet
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